O ócio aqui não deve ser entendido como preguiça ou procrastinação, mas sim como um tempo livre dedicado à contemplação da natureza e à reflexão sobre o que de fato é importante.
O que nos diferencia dos animais é nossa capacidade de pensar, mas curiosamente as pessoas não pensam, não usam sua principal faculdade.
Qual foi a última vez que você sozinho, parou tudo e focou em pensar, em verdadeiramente refletir sobre os rumos da sua vida?
Qual foi a última vez que você utilizou seu cérebro para resolver seus problemas?
O ser humano moderno é um completo escravo que preenche cada segundo do seu tempo livre com distrações, como um covarde foge de si mesmo – temendo o sentimento ruim que advém do confronto consigo, a percepção de que se é um fracassado.
Entenda que esse sentimento de angústia e tristeza é a forma que sua alma encontra para expressar seu descontentamento.
Os sentimentos são as expressões da alma, tal como a dor física é do corpo.
A correria do cotidiano e as distrações sufocam a alma.
Todos nós temos listas de tarefas a cumprir, e o trabalho nunca cessa.
Mas o pior é o que fazemos com o intervalo de tempo disponível entre uma atividade e outra; a maioria das pessoas já pega o celular e passa a rolar a tela dele sem fim.
São sugados pelo algoritmo, viciados em dopamina – assim eles roubam todo o seu tempo, seu potencial se esvai e nem o dom divino de pensar, refletir você possui mais. Se tornou um escravo completo: acorda, trabalha, mexe no celular, assiste netflix e dorme – para amanhã repetir tudo novamente.
Mas você como um ser racional dotado de razão, tem o poder de escolha, de deliberar e decidir qual será sua próxima ação – todos nós temos essa capacidade, e você pode agora mesmo mudar.
O ócio como fonte de riquezas:
Tudo que existe foi concebido antes como possibilidade, isso é verdade até mesmo para as obras criadas por Deus. Toda riqueza existente, antes de vir a existência, primeiro existia na cabeça de alguém.
Tudo deriva do pensamento, o pensamento cria a realidade, e se você conscientemente não tira um tempo para exercer a capacidade mais importante que te torna humano – você viverá no piloto automático como um escravo adestrado, abaixo da sua potencialidade.
Napoleon Hill resumiu de maneira sucinta e brilhante uma das maiores verdades: “Quem pensa enriquece”.
O ócio gera epifanias:
Quantas canções, ideais de negócios, invenções revolucionárias e soluções para problemas complexos não surgiram de repente como uma epifania?
O ócio também pode ser entendido como o tempo dedicado a uma atividade suave e prazerosa, e o que impressiona é a capacidade que esses momentos possuem para gerar insights.
Isso tem uma explicação: quando o cérebro desconecta realizando atividades prazerosas como ler, pintar ou caminhar para alguns – ele recarrega suas energias, aflorando seu potencial criativo e continua trabalhando inconscientemente na solução daquilo que você procurava.
Alexander Graham Bell teve a ideia para criar o telefone enquanto estava relaxando em seu jardim e visualizou a transmissão de som através de fios telegráficos.
Igualmente, Paul McCartney relatou ter acordado com a melodia de “Yesterday” em sua cabeça após um sonho e gravou rapidamente a música.
Segundo a lenda, Isaac Newton teve a inspiração para desenvolver a teoria da gravitação universal após uma maçã cair na sua cabeça enquanto descansava debaixo de uma macieira em seu jardim.
Como acalmar a mente?
Porém, muitas vezes mesmo no tempo livre nossa mente não desliga, os pensamentos se sucedem infinitamente gerando estresse e ansiedade, por isso te ensinarei abaixo uma técnica simples para controlar a mente.
A respiração é a chave para controlar nossos pensamentos – através dela diminuímos as batidas do coração, nos acalmamos e assim poderemos prosseguir para o segundo passo; que é a meditação.
Inspire e expire profundamente algumas vezes e observe seus pensamentos, ative a consciência, contemple seus pensamentos indo e vindo.
Foque no presente e passe a observar o som do ambiente em volta, o cheiro ao redor – volte a atenção para cada um dos seus membros, sinta o dedo do pé, suba até a ponta do nariz – após alguns minutos dessa prática você estará finalmente relaxado e apto para contemplar a natureza e refletir sobre sua vida, seus objetivos e para traçar planos estando agora renovado e com a cabeça tranquila.
Em suma:
O negócio é dedicado às coisas do corpo, o ócio é dedicado às coisas da alma. O trabalho é produtor de bens, enquanto o ócio é o produtor do Bem – é a atividade que vale em si mesma.
“Mais vale um bom ócio do que um mau negócio.”
Baltasar Grácian