A Arte da Guerra1, de Sun Tzu, é um dos livros mais antigos e amplamente lidos na história da humanidade. Provavelmente, nem o autor – ou autores, já que não há consenso histórico sobre a existência de “um” Sun Tzu – imaginou que sua obra perduraria tanto tempo no imaginário coletivo. Uma das estratégias notáveis apresentadas é a de “fingir-se de fraco quando forte”, uma abordagem astuta que remonta aos ensinamentos desse destacado estrategista militar.
Porque seguir o conselho de Sun Tzu.
Sun Tzu argumenta que, ao aparentar fraqueza quando, na realidade, se é forte, é possível enganar e desarmar o oponente antes mesmo de a batalha começar. Essa tática sutil permite a observação, aprendizado e identificação das fraquezas do adversário, enquanto se mantém uma fachada de vulnerabilidade. Ao mesmo tempo, adquire-se conhecimento valioso sobre as intenções e estratégias do inimigo.
Sabedoria antiga.
No Velho Testamento, em Provérbios 16:18, lemos: ‘O orgulho vem antes da destruição; o espírito altivo, antes da queda.’ Quando você opta por não revelar sua força, seus inimigos ficam alheios à sua potência. Eles podem se tornar soberbos, olhando para você com orgulho e vaidade. É nesse momento que você descobre aqueles inimigos que antes permaneciam em silêncio, mas estavam presentes. Essa é a habilidade que você utiliza para desvendar as serpentes ocultas no meio da vegetação.
A visão maquiavélica sobre Sun Tzu.
Maquiavel, por sua vez, destaca a importância do realismo político e da habilidade de manipular as circunstâncias para alcançar os objetivos desejados em sua obra “O Príncipe2“. Nela, ele aborda a necessidade de agir com astúcia e adaptabilidade, utilizando qualquer meio necessário para alcançar o poder e manter o controle – algo que os adversários não hesitarão em fazer. Portanto, o ato de fingir-se de fraco quando forte se torna uma ferramenta valiosa. Seus inimigos, conscientes disso ou não, também adotarão a estratégia de aparentar fraqueza quando, na verdade, são fortes, para que sua soberba se revele, permitindo-lhes conhecer a verdadeira potência do oponente. A sabedoria reside em não se gabar, permanecer em silêncio e letal.
Sun Tzu e Maquiavel, a mistura de clássico e moderno.
Dessa forma, a fusão das ideias de Sun Tzu e Maquiavel sugere que ao adotar a postura de aparente fragilidade, é possível explorar as fraquezas alheias enquanto se mantém a força oculta. Isso estabelece uma dinâmica na qual a manipulação e a observação estratégica se tornam ferramentas poderosas para alcançar metas pré-estabelecidas. Imagine-se como um imenso lago, repleto de água, profundo e turvo, aparentemente inofensivo, mas que guarda uma vasta profundidade. Assim, você não será pego de surpresa, mas surpreenderá a todos.
A dualidade entre aparência e realidade.
Nesse contexto, o indivíduo que adota essa abordagem desenvolve uma perspicácia para antecipar movimentos, compreender motivações e, no momento oportuno, revelar sua verdadeira força de maneira impactante. Essa dualidade entre fraqueza aparente e força real pode ser a chave para o sucesso em situações desafiadoras, permitindo ao estrategista alcançar seus objetivos com maestria e eficácia.
Vence a guerra quem engana melhor.
Além de prestar atenção aos conselhos e planos apresentados aqui, é crucial criar uma situação que contribua para o seu cumprimento. Quando menciono ‘situação’, refiro-me à consideração da realidade do campo, da vida cotidiana, agindo de acordo com o que for vantajoso. A arte da guerra, não apenas no contexto do livro, mas como a própria arte de guerrear e vencer, fundamenta-se no princípio do engano.
Conclusão.
Portanto, quando és capaz de atacar, deves aparentar incapacidade; quando as tropas se movem, aparentar inatividade. Se estiveres perto do inimigo, deves fazê-lo crer que estás longe; se longe, aparentar que estás perto. Coloca iscas para atrair o inimigo, golpeia-o quando está desordenado, e prepara-te contra ele quando está seguro em todas as partes. Evita-o por um tempo quando é mais forte. Se teu oponente tem um temperamento colérico, tenta irritá-lo; caso ele seja arrogante, fomente seu egoísmo. Eventualmente, se as tropas inimigas se encontram bem preparadas após uma reorganização, tenta desordená-las. E no caso de estarem unidas, semeia a dissensão entre suas fileiras. Ataca o inimigo quando não está preparado e aparece quando não te espera. Estas são as chaves da vitória através da estratégia.
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